domingo, 23 de novembro de 2014

Critica do filme O Valor de Um Sonho

Quem nunca se sentiu entediado com sua vida e com tudo ao redor? Quem nunca quis mudar o curso da sua vida? Se é fortinho, quer ficar magro, se é morena quer ficar loira. Quem nunca? Em uma sociedade onde se estima mais o ter do que o ser, essas questões são inevitáveis. E é em cima desse tema, com mais amplitude, que se desenrola O Valor de Um Sonho- em busca de um sentido para a vida, de Daniel Silva, que lançou em 2011.

O filme narra a história de João Carlos, Joca, um menino que cresceu em uma cidade pequena na área rural da Bahia. Entendiado com a vida monótona em sua casa no sertão, sonha em mudar para a cidade grande, com oportunidades de emprego, de “crescer na vida”. Sua família não concorda muito com sua decisão, mas seu pai o ajuda financeiramente para ir atrás de seu sonho.

Ao chegar na cidade grande, Joca percebe que o mar de rosas tem espinhos e vê que a cidade dos sonhos, ainda apregoada na televisão, não passa de ilusão pura. Com a ajuda de Deus e de pessoas que foram colocadas ao seu lado, consegue um emprego e vai se estabilizando, porém, a quem muito é dado, muito é cobrado. E em meio a isso, a oportunidade de corromper-se, tanto no trabalho, quanto na vida afetiva, batia constantemente à porta da vida de Joca.

No decorrer do filme, ele se apaixona por Carol, uma moça que conheceu na igreja e que gosta dele também, mas por questões de ideias – e ideais –, eles tem dificuldade em se entender. Joca alcança tudo que almejou, mas se sente incompleto e no ápice do filme, seus valores são confrontados com os valores terrenos, principalmente com relação ao seu trabalho. Então resolve retornar do ponto em que estava assim como o filho pródigo.

A trilha sonora que compõe o filme é excelente. Sempre de acordo com o momento que está sendo encenado, músicas como "Perdido" de Daniel Nunes, "Castelo de Cristal", da banda Trini e “O amor é o que me basta”, da banda Hibérnia, se encaixam perfeitamente com sua letra e melodia nos trechos de O Valor de Um Sonho.

O uso da câmera é bem explorado, com desfoque (aquele “esfumaçamento”) de imagens no momento certo e giros de câmeras adequados ao que está passando. A fotografia também foi muito bem pensada e filmada.

Daniel Silva, o diretor, é formado em Cinema na Índia, e em Jornalismo na Argentina, missionário da JOCUM e fundador da Ponte Filmes. O trabalho mais recente da produtora é o longa Labirintos Internos que está sendo exibido em várias igrejas e disponível em DVD. O Valor de Um Sonho ganhou sete prêmios no Festival de Cinema Cristão, que acontece anualmente no Brasil.

O Valor de Um Sonho, mostra que é possível, sim, fazer um filme de qualidade e com conteúdo, mesmo sem muito - ou, muitas vezes, nenhum – apoio financeiro. Mostra que é possível tirar boas ideias do papel e colocá-las em imagens e sons. E assim, o nosso cinema brasileiro vai caminhando, representando o nosso povo e a nossa cultura.

Por Raquel Salema, colunista do cinecristao.com

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