segunda-feira, 7 de julho de 2025

“For They Know Not What They Do”: Um Documentário que Desafia a Igreja — Reflexão Necessária ou Redefinição Perigosa?

O documentário For They Know Not What They Do, dirigido por Daniel Karslake e lançado em 2019, tem gerado debates intensos entre cristãos de diferentes vertentes. A produção trata de temas delicados envolvendo famílias cristãs e filhos que se identificam como LGBTQ+. Por meio de histórias reais, o documentário busca mostrar os conflitos, dores e reconciliações em lares que enfrentam essas questões à luz da fé.

O título, retirado das palavras de Jesus na cruz — “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” — já aponta para o tom emocional e compassivo da obra. No entanto, para muitos cristãos conservadores, o conteúdo do documentário levanta preocupações legítimas sobre como a fé cristã está sendo reinterpretada culturalmente, especialmente em áreas onde a Bíblia fala com clareza.

A proposta central do filme é desafiar a maneira como igrejas e famílias religiosas lidam com temas de identidade de gênero e orientação sexual. Ele apresenta pais e mães que, ao descobrirem que seus filhos são gays ou transgêneros, enfrentam o dilema entre a fidelidade às doutrinas da fé e o amor pelos filhos. Algumas dessas histórias são profundamente emocionantes — de fato, qualquer pai cristão se identifica com a dor do conflito e o desejo sincero de amar seus filhos sem reservas.

Entretanto, For They Know Not What They Do vai além da experiência pessoal e propõe um novo olhar teológico sobre esses temas, frequentemente questionando a autoridade das Escrituras e das tradições bíblicas. O documentário abraça uma abordagem teológica inclusiva, que sugere que ser cristão e, ao mesmo tempo, aceitar completamente a prática da homossexualidade e da transgeneridade como compatível com a Bíblia é não apenas possível, mas necessário.

Essa visão, no entanto, entra em tensão direta com o ensino cristão histórico. A Bíblia — tanto no Antigo quanto no Novo Testamento — apresenta um padrão claro sobre sexualidade, identidade e família, baseado na criação do homem e da mulher como expressão complementar da imagem de Deus (Gênesis 1:27) e reafirmado por Jesus em Mateus 19. Para os cristãos que buscam permanecer fiéis às Escrituras, a chamada ao amor nunca pode ser separada da verdade.

Isso não significa que o cristão deva tratar qualquer pessoa com desprezo, rejeição ou violência — muito pelo contrário. O mandamento de amar o próximo permanece inegociável. Mas amar, segundo a fé cristã, também envolve dizer a verdade com graça e caminhar ao lado daqueles que enfrentam lutas, sem endossar caminhos que a Palavra de Deus não aprova.

Ao assistir ao documentário, o cristão conservador pode, sim, encontrar lições importantes: a necessidade de ouvir com mais compaixão, de acolher sem abrir mão da doutrina, e de refletir sobre os efeitos das nossas palavras e atitudes dentro da família e da igreja. A dor do outro nunca deve ser minimizada — e, como igreja, somos chamados a cuidar, consolar, exortar e discipular.

No entanto, também é preciso discernir o espírito do nosso tempo. Estamos vivendo dias em que a cultura pressiona a igreja a mudar suas convicções para ser “mais inclusiva”, mesmo que isso custe a fidelidade bíblica. Nesse contexto, produções como For They Know Not What They Do exigem atenção e análise crítica. Elas nos lembram que o mundo deseja redefinir o que significa amar — e, como cristãos, precisamos perguntar: estamos sendo moldados pela Palavra ou pelas tendências culturais?

Em resumo, o documentário pode ser assistido com discernimento. Ele não deve ser ignorado, mas também não pode ser aceito sem filtros. É um convite para que a igreja seja mais presente na vida das famílias que enfrentam essas questões — não abrindo mão da verdade, mas sempre com graça, misericórdia e esperança de transformação pelo poder de Cristo.

Assista o trailer do documentário 

Nenhum comentário: