sexta-feira, 25 de julho de 2025

Amén vs. Bonhoeffer – Qual Filme Retrata Melhor a Resistência Cristã ao Nazismo?



O cinema, com sua capacidade de evocar emoções e narrar histórias impactantes, tem se debruçado sobre um dos períodos mais sombrios da história: a ascensão e os horrores do regime nazista. Dentro desse contexto, a resistência cristã, muitas vezes silenciosa e profundamente enraizada na fé, emerge como um farol de esperança e integridade moral. Dois filmes distintos abordam essa temática, focando em diferentes facetas da oposição ao nazismo: "Amén." (2002), de Costa-Gavras, e  Bonhoeffer, 2000, dirigido por Eric Till, que narra a história real do teólogo Dietrich Bonhoeffer. A questão que se coloca é: qual dessas produções cinematográficas oferece um retrato mais eficaz e profundo da resistência cristã?

"Amén.": A Denúncia Silenciosa e a Indiferença Institucional

"Amén." centra sua narrativa em dois personagens principais: o jovem oficial da SS Kurt Gerstein, um químico que tenta alertar o Vaticano sobre o Holocausto após testemunhar o extermínio em massa de judeus, e o padre Riccardo Fontana, um jesuíta que se junta a Gerstein em sua tentativa de levar a verdade ao conhecimento do Papa Pio XII. O filme critica duramente a alegada inação do Vaticano diante das atrocidades nazistas, explorando a complexidade moral da Igreja Católica durante esse período.

A resistência em "Amén." é retratada de forma individual e frustrada. Gerstein, movido por sua consciência, busca incessantemente alertar as autoridades, enquanto o padre Fontana se junta a ele, enfrentando a burocracia e a hesitação da Igreja. O filme enfatiza a dificuldade de confrontar um sistema de poder avassalador e a dor da indiferença institucional. A resistência aqui é um grito solitário em meio ao silêncio ensurdecedor da cumplicidade ou do medo.

"Bonhoeffer, agente da graça" : A Fé Militante e o Custo do Discípulo

"Bonhoeffer, agente da graça" (lançado em alguns mercados como "Bonhoeffer: Agent of Grace") oferece um retrato biográfico do teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer, figura central da resistência cristã ao nazismo na Alemanha. O filme acompanha sua jornada desde a oposição intelectual ao regime até seu envolvimento ativo na conspiração para assassinar Hitler, culminando em sua prisão e execução.

A resistência em "Bonhoeffer, agente da graça" é apresentada como uma resposta direta e ativa da fé. Bonhoeffer, ancorado em sua teologia do "discípulo custoso", acredita que a inação diante da injustiça é uma traição ao Evangelho. Sua resistência se manifesta através de sua pregação, de seu apoio à Igreja Confessante (que se opôs ao controle nazista sobre as igrejas), e, finalmente, de seu envolvimento na resistência política. O filme explora o dilema moral de um homem de fé confrontado com a necessidade de cometer atos moralmente questionáveis (como o assassinato) para deter um mal maior, bem como o alto preço que ele e outros pagaram por sua coragem.

Qual Retrata Melhor a Resistência?

Ambos os filmes oferecem perspectivas valiosas e complementares sobre a resistência cristã ao nazismo, e a escolha de qual "retrata melhor" a resistência depende do que se busca enfatizar:

  • Para um retrato da dificuldade da resistência individual diante de uma instituição hesitante e do poder esmagador do regime, "Amén." é uma obra poderosa. Ele expõe as complexidades morais e políticas enfrentadas por aqueles que tentaram alertar o mundo sobre o Holocausto a partir de dentro de instituições religiosas. A resistência aqui é marcada pela frustração e pela sensação de impotência.

  • Para uma representação da resistência ativa e militante, enraizada em uma profunda convicção teológica e disposta a pagar o preço final pela oposição ao mal, "Bonhoeffer, agente da graça"  oferece um retrato mais direto e inspirador. O filme mergulha na mente e no coração de um homem que acreditava que sua fé o impelia a resistir ativamente à tirania, mesmo que isso significasse desafiar as normas sociais e religiosas de seu tempo. A resistência aqui é marcada pela coragem, pelo sacrifício e pela convicção de que a inação era moralmente insustentável.

Em conclusão, "Bonhoeffer, agente da graça" provavelmente oferece um retrato mais explícito e abrangente da resistência cristã ativa e consciente, focando na jornada pessoal e teológica de um indivíduo que escolheu se opor ao nazismo com todas as suas forças, ciente das consequências. "Amén.", por outro lado, lança luz sobre as barreiras institucionais e a complexidade da resistência dentro de uma organização como a Igreja Católica, destacando a luta por fazer a verdade prevalecer em meio à indiferença e ao medo. Ambos os filmes, no entanto, são importantes para compreendermos as diversas formas de resistência que emergiram durante um dos períodos mais sombrios da história, e o papel crucial que a fé, em suas diferentes expressões, desempenhou nessa luta pela justiça e pela humanidade.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Cristianismo Progressista nas Telas: Como o Cinema de Fé Está Incorporando Temas de Justiça Social

Tradicionalmente associadas ao conservadorismo, as produções cinematográficas cristãs vêm passando por transformações nos últimos anos. Um número crescente de cineastas e comunidades de fé tem utilizado o cinema para promover valores ligados ao progressismo político, como justiça social, inclusão, cuidado com o meio ambiente e defesa dos direitos humanos — tudo isso enraizado nos ensinamentos de Jesus.

Essa nova vertente do cinema cristão progressista ainda é minoritária, mas tem ganhado visibilidade e força, especialmente entre igrejas urbanas, movimentos ecumênicos e comunidades cristãs jovens nos Estados Unidos e em outros países ocidentais.

O Evangelho Social nas Telas

O Cristianismo progressista entende a fé como um chamado à transformação do mundo. Isso se reflete em obras que abordam temas como racismo estrutural, imigração, acolhimento LGBTQIA+, pobreza e crise ambiental — sempre com base em princípios como empatia, compaixão e serviço ao próximo.

Produções como:

  • "Come Sunday" (Netflix, 2018) — baseado na história real do pastor Carlton Pearson, que foi condenado por suas posições inclusivas e pelo questionamento da doutrina do inferno eterno;

  • "Just Mercy" (2019) — embora não seja exclusivamente cristão, o filme é profundamente inspirado na fé do advogado Bryan Stevenson, que luta contra injustiças raciais e o encarceramento em massa;

  • "For They Know Not What They Do" (documentário, 2019) — que retrata cristãos LGBTQIA+ e suas famílias em igrejas norte-americanas, propondo uma reflexão teológica sobre a questão

São alguns exemplos de como uma nova geração de artistas cristãos tem utilizado o cinema como ferramenta de denúncia, reflexão e reconciliação.

O Papel das Igrejas e Comunidades de Fé

Igrejas progressistas como a United Church of Christ, setores da Episcopal Church, e muitas comunidades metodistas, luteranas e presbiterianas têm incentivado o uso da arte como expressão de fé engajada. Muitas delas promovem exibições de filmes, produzem conteúdos originais e oferecem apoio a cineastas independentes que desejam expressar sua espiritualidade de forma contextualizada com os desafios do século XXI.

Além disso, iniciativas como o Wild Goose Festival (um festival cristão alternativo nos EUA que mistura arte, música e justiça social) têm fortalecido o diálogo entre fé e progressismo nas mídias culturais.

Justiça, Fé e Representatividade

Uma das grandes conquistas desse movimento é o aumento da representatividade nas narrativas cristãs. Ao contrário do modelo tradicional centrado em protagonistas brancos, heterossexuais e de classe média, o cinema cristão progressista dá voz a mulheres, imigrantes, pessoas negras, indígenas e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Esse tipo de narrativa se alinha ao exemplo de Jesus nos Evangelhos: um mestre itinerante que se solidarizava com os marginalizados, desafiava as estruturas religiosas opressoras e colocava o amor acima da lei.

Tensão com o Cristianismo Conservador

O avanço do progressismo no cinema cristão não é isento de críticas. Setores mais conservadores frequentemente acusam essas produções de “distorcer a doutrina bíblica” ou de “usar a fé como plataforma política”. Porém, os produtores e teólogos progressistas defendem que sua abordagem é fiel às raízes do Evangelho, e que evangelho sem justiça não é evangelho.

Como disse a pastora Nadia Bolz-Weber, uma das vozes mais influentes do cristianismo inclusivo nos EUA:

“Se o seu Jesus nunca desafia seus privilégios, talvez você não esteja ouvindo o Jesus do Novo Testamento.”

Um Novo Caminho no Cinema Cristão?

Ainda longe do grande mercado, o cinema cristão progressista vem conquistando espaço em festivais, plataformas independentes e círculos acadêmicos e teológicos. Embora não tenha a mesma força de bilheteria dos filmes conservadores, ele representa uma importante transformação cultural e espiritual.

Essas produções desafiam a ideia de que ser cristão é sinônimo de manter o status quo. Elas propõem um cinema de fé que é, ao mesmo tempo, espiritual e político, pessoal e coletivo, bíblico e transformador.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

MasterClass com os Irmãos Kendrick no Brasil, veja as datas


Na próxima quinta-feira, 31 de julho, das 8h às 17h, os irmãos Alex e Stephen Kendrick, conhecidos mundialmente por sucessos como A Forja, Quarto de Guerra e À Prova de Fogo, estarão no Rio de Janeiro para ministrar a MasterClass Fé, Luz, Câmera e Ação. O evento será o primeiro feito no Brasil.

A realização é uma parceria com a 360 Way Up, que recentemente participou da divulgação do filme A Forja, sucesso de bilheteria no país. “Queremos levar as pessoas para os bastidores da nossa jornada cinematográfica e compartilhar algumas das lições mais importantes que aprendemos sobre como fazer filmes que glorificam a Deus”, explica Stephen Kendrick.

A MasterClass será voltada para diretores, roteiristas, atores, produtores, profissionais da indústria audiovisual e líderes cristãos que desejam se aprofundar na produção de filmes com mensagem bíblica e em levar o Evangelho através do cinema. Ao longo da imersão, os Irmãos Kendrick irão compartilhar os 25 distintivos (características que definem um projeto audiovisual cristão) das suas produções, abordando aspectos técnicos e o poder transformador de Deus através das telas.

“O Brasil vive uma nova fase na produção cristã e essa MasterClass é um passo importante na formação de profissionais preparados para contar histórias com excelência e propósito”, destaca Ygor Siqueira, CEO da 360 Way Up.

O encontro será um marco na consolidação do cinema cristão nacional e dá início aos preparativos para o longa Ignição da Alma, primeiro filme dos irmãos Kendrick no Brasil em coprodução com a 360 Way Up, com gravações previstas para começar em setembro deste ano.

Para mais informações e valores: https://www.e-inscricao.com/360wu/kendrickbrothersmasterclass

Serviço

MasterClass Fé, Luz, Câmera e Ação com os Irmãos Kendrick
Tema: 25 distintivos para produzir filmes cristãos
Data: Quinta-feira, 31 de julho de 2025
Horário: Das 8h às 17h
Local: Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, R. José Augusto Rodrigues, 78 (Polo Rio Cine Video)
Realização: Irmãos Kendrick e 360 Way Up
Público-alvo: Diretores, roteiristas, produtores, profissionais do audiovisual, líderes cristãos e interessados no cinema cristão
Mais informações e valores: https://www.e-inscricao.com/360wu/kendrickbrothersmasterclass

Guerra em Hollywood: O Novo Nárnia da Netflix no IMAX Enfurece a Disney e Redes de Cinema!

 

Preparem a pipoca, mas a polêmica já está no ar! Um novo capítulo na guerra do streaming e do cinema agita Hollywood, e Nárnia está bem no centro da tempestade. O motivo? A decisão da Netflix de lançar a aguardada adaptação de As Crônicas de Nárnia, dirigida por Greta Gerwig, nas telas IMAX antes de chegar ao streaming. E essa jogada não agradou em nada a Disney, nem as grandes redes de cinema!

A Fúria da Disney e o Inverno de Hollywood

A Netflix e a IMAX fecharam um acordo exclusivo para que "Nárnia" tenha uma janela de lançamento de duas semanas em mais de mil telas IMAX pelo mundo, prevista para o feriado de Ação de Graças de 2026. E adivinhe quem ficou de olho bem torto para isso? A Disney, que tem um filme de animação programado exatamente para essa data – um período historicamente superlucrativo para filmes familiares.

Segundo o veículo Puck, estúdios tradicionais, com a Disney à frente, estão em pé de guerra. "A IMAX fez isso por conta própria, sem consultar nenhum de seus parceiros de estúdio", revelou uma fonte interna. "Eles deram à Netflix uma exclusividade de duas semanas, mesmo que os outros estúdios forneçam filmes para eles 52 semanas por ano." A revolta é compreensível: parceiros de longa data se sentem preteridos por um novato na "sala de cinema".

Redes de Cinema em Pé de Guerra: Boicote à Vista?

A confusão não parou nos estúdios. As maiores redes de cinema, como Regal e Cinemark, foram pegas de surpresa pelo acordo e agora ameaçam se recusar a exibir "Nárnia" em suas telas IMAX. Imagine a cena: você quer ver o filme no telão gigante, mas ele não está disponível nas maiores redes!

Um executivo de cinema, que preferiu não se identificar, expressou a frustração do setor: "Essa tem sido uma direção confusa da Netflix na visão dos exibidores por anos. Os exibidores estão meio que fartos da Netflix colocar o pé na água e voltar atrás." É um aceno claro às tentativas anteriores da Netflix de ter um lançamento limitado nos cinemas, muitas vezes apenas para qualificar filmes para prêmios, sem o compromisso de uma exibição mais ampla.

A Netflix Mantém a Posição: Tática, Não Mudança de Estratégia

Apesar de todas as esperanças de que esse acordo de Nárnia sinalizasse uma mudança na estratégia da Netflix para os cinemas, o Co-CEO Ted Sarandos foi rápido em frear a empolgação. Durante a teleconferência de resultados da empresa, ele deixou claro: "Nossa estratégia principal é oferecer aos nossos assinantes filmes exclusivos em primeira mão na Netflix."

Sarandos explicou que o lançamento no IMAX é uma "tática de lançamento", usada para "qualificar para prêmios ou atender requisitos de festivais e para impulsionar um pouco a publicidade." Ou seja, para a Netflix, é um "evento especial de duas semanas", e não uma abertura para um modelo de distribuição mais tradicional nos cinemas.

E Agora, Nárnia? O Futuro da Exibição

Curiosamente, a AMC, que possui o maior número de telas IMAX nos EUA, parece apoiar o acordo. Isso pode abrir precedentes para que outras redes sigam o exemplo, especialmente se o burburinho em torno de "Nárnia" for enorme.

No entanto, com a resistência da Disney, a oposição das grandes redes de cinema e quase dois anos até o lançamento, os planos da Netflix para o IMAX ainda podem mudar. Uma coisa é certa: a jornada para Nárnia, tanto nas telas quanto nos bastidores de Hollywood, promete ser cheia de reviravoltas!

O lançamento nas salas IMAX está agendado para o final de novembro de 2026, com o filme chegando ao streaming da Netflix no dia de Natal. Será que a Feiticeira Branca de Greta Gerwig conseguirá quebrar o gelo de Hollywood? Fique de olho!